sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Plasticidade cerebral: sua importância na aprendizagem escolar por Cristiane Moda

14/07/2017 Quando o assunto é aprendizagem escolar sabemos que os docentes preocupados com a qualidade e o resultado de seu próprio trabalho, planejam suas aulas, se importam com os conteúdos que precisam ser cumpridos, buscam estratégias e recursos para a aula, além de participarem de cursos voltados para a formação continuada. Apesar de todo esse engajamento para ensinar, quantos são os alunos que diariamente, nas salas de aula, não atingem o conhecimento esperado? O fato é que quando esses profissionais da educação se deparam com esta situação de alunos que não atingem a aprendizagem esperada, variadas são as sensações manifestadas: preocupação, incapacidade, decepção, aversão ao aluno e outras. Mas será que os professores estão realmente conseguindo ensinar seus alunos ou tudo não passa de uma mera transmissão de conhecimentos? Não é de hoje que especialistas e pesquisadores da área da educação, psicologia e saúde buscam de fato compreender como ocorre a apropriação do saber. Sendo assim, conforme descreve Relvas (2011) é fundamental entender o conceito da Plasticidade cerebral, sua contribuição para a prática do professor em sala de aula, bem como as dimensões cognitivas, motora, afetiva e social no redirecionamento do aluno. A plasticidade cerebral consiste em uma reorganização da estrutura neural do indivíduo ao viver uma experiência nova, ou seja, a capacidade das sinapses, dos neurônios ou de regiões do cérebro de alterar suas propriedades através do uso ou estimulação. A partir disso, é possível afirmar que o aprendizado não ocorre de maneira automática, pois a aquisição de informações depende de conhecimentos já existentes, ou seja, os “conhecimentos prévios” e também de uma carga considerável de estímulos para que esse aprendizado permaneça em atividade constante, fortalecendo e desenvolvendo as redes neuronais do cérebro. Segundo Schumacher (2006) os conhecimentos prévios assumem um papel fundamental na aquisição da aprendizagem, pois quanto mais organizados eles estiverem, mais fácil será o aprendizado. Por este motivo, é importante o professor saber quais são os conhecimentos prévios e conceitos cognitivos que seu aluno possui para que a partir daí possam ser utilizados os métodos pedagógicos mais adequados de acordo com o nível de aprendizado retratado pelo aluno. Nesta perspectiva, o professor que assume o papel de mediador e estimulador na aprendizagem do aluno, poderá garantir a qualidade no ensino e resultado em sala de aula. Entretanto, se for precária a qualidade da mediação, as sinapses provocadas no cérebro deste aluno também serão ineficientes durante esse processo de aprender. Para Gardner (1995) as pessoas possuem interesses, habilidades diferentes e por isso não aprendem da mesma maneira. A repetição de uma atividade, a retomada de um conceito sempre do mesmo modo ou práticas repetitivas do professor, ativam sempre as mesmas conexões sinápticas em nosso cérebro, o que não favorece a aprendizagem do ponto de vista da memória (não criam novos engramas¹) comprometendo a assimilação do conteúdo pelo aluno. Estudos da Neurociência afirmam que ao apresentarmos um conteúdo novo para o aluno, uma atividade desafiadora que provoque suas emoções de maneira satisfatória, imediatamente será ativada a sua amígdala cerebral², enviando impulsos para o hipocampo, afirmando ser algo interessante e significativo. Essa informação será enviada automaticamente ao lobo frontal para ser arquivada na memória, tornando-se um conhecimento adquirido. A partir do momento que o professor passa a compreender o funcionamento do sistema nervoso e do processo de aprendizagem, ele percebe a necessidade de sempre inovar, instigar, propor atividades diferenciadas e que façam sentido para o aluno, desenvolvendo melhor seu trabalho, podendo intervir de modo efetivo em sua prática, para um desempenho progressivo do aluno. No atual contexto que a educação vem sendo instituída torna-se essencial ter clara a importância de desenvolver o potencial do aluno como um todo, embasado em suas reais condições, visando sempre a expansão de sua aprendizagem em todas as áreas do conhecimento, respeitando suas limitações e levando em consideração seus aspectos físicos, cognitivos, emocionais, linguísticos, afetivos e sociais. Afinal, é de extrema importância que o professor proporcione a seus alunos práticas eficazes de ensino. [1] Impressão deixada nos centros nervosos pelos acontecimentos vivenciados, ativa ou passivamente, pelo indivíduo: conhecimentos adquiridos, convicções, cenas assistidas, traumas, hábitos, condicionamentos etc. e que corresponde à fixação de uma lembrança. Os engramas são passíveis de evocação, de recordação espontânea no sono ou vigília ou, ainda, de associação com eventos atuais, podendo levar o indivíduo a um comportamento automático, reflexo ou voluntário. [2] A amigdala é uma pequena estrutura do sistema nervoso em forma de amêndoa, importante na aquisição de informações de perigo, processamento, elaboração e produção de respostas aos agentes estressores. Leia também: Autonomia, Comportamento e a Escola O valor da comunicação na escola e sua implicação nos indivíduos Educação Integral: desafios e possibilidades

Dificuldade de Aprendizagem ou Distúrbio de Aprendizagem: há diferença? março 7, 2017março 7, 2017 Tatiane Moraes GarcezTatiane Moraes Garcez

Ainda nos dias atuais referir que uma criança tem Dificuldade de Aprendizagem para alguns é o mesmo que dizer que ela tem um Distúrbio de Aprendizagem. Vamos pensar um pouco a respeito desses dois conceitos. Entende-se por APRENDIZAGEM o processo de aquisição de competências, habilidades, conhecimentos, comportamentos que resultam de estudo, experiência e/ou observação. Tais informações levam o indivíduo a modificar-se frente às situações a que é exposto podendo avaliar os resultados e recriá-los se necessário. Aprender é o resultado da interação entre estruturas mentais e o meio ambiente. Aprendizagem é uma das funções mentais superiores mais importantes no indivíduo. O termo DIFICULDADES refere-se a uma situação momentânea na qual não conseguimos resolver um determinado problema. Diferentemente o termo DISTÚRBIO refere-se a uma condição patológica que tem relação com o aspectos neurobiológicos. As DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM estão relacionadas a fatores externos ao indivíduo como, por exemplo: – questões de ordem motivacional que dizem respeito ao envolvimento cognitivo/afetivo com a aprendizagem, principalmente de natureza escolar. São crianças cuja motivação não está orientada para o sucesso acadêmico; – dificuldades pontuais que revelam dúvidas específicas. Por exemplo, pode não estar muito claro para uma criança que um mesmo som pode ser escrito por muitas letras ou que uma mesma letra pode representar vários sons, dependendo da vogal que a acompanha; – transtornos emocionais primários, como a ansiedade, a depressão, as fobias, podem trazer desequilíbrios tanto no plano relacional quanto acadêmico. Nestes casos, as dificuldades para aprender podem ser consideradas secundárias a um problema de base, de natureza afetiva, e não um distúrbio de aprendizagem como tal; – também nos deparamos com outras crianças cujo problema reside, fundamentalmente, na falta de oportunidades para aprender e não em suas capacidades; – e por fim temos que pensar nas propostas pedagógicas, o quanto elas podem ser atraentes ou não para os alunos, podem ser motivadoras ou até mesmo afastarem o interesse da criança. As DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM resultam normalmente em uma dificuldade no processo de apropriação do código alfabético. Se mudarmos os fatores externos, e possibilitarmos a mediação que o indivíduo necessita, certamente essa dificuldade se diluirá ao longo do tempo. Ao contrário, os DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM estão relacionados a fatores intrínsecos, ou seja, fatores neurológicos, hereditários, químicos, entre outros. Nesse caso o indivíduo necessitará de diferentes intervenções terapêuticas: psicoterapia, fonoterapia, psicopedagogia e em muitos casos a terapia medicamentosa. Os principais DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM são: – Dislexia: segundo o Joint Comittee of Learning Disbilities a dislexia consiste em “…dificuldades significativas na aquisição e uso de habilidades para … ler, escrever…”. – Disortografia: perturbação específica da escrita que altera a transmissão do código linguístico ao nível do fonema e do grafema e da correta associação entre estes, no que diz respeito as regras da língua. – Disgrafia: distúrbio de aprendizagem relacionado a caligrafia. Alteração na escrita relacionada a problemas perceptivo-motores. Imaturidade no desenvolvimento da coordenação viso-motora responsáveis pelo desenvolvimento dos movimentos finos e precisos que envolvem o desenho das letras. – Discalculia: dificuldade em efetuar cálculos e em perceber os mecanismos da numeração, desenvolver raciocínios, realizar com eficiência operações e incompreensão das relações espaciais. Tornando mais claro tais conceitos fica mais fácil o adulto que está acompanhando as crianças em fases escolares iniciais poder oferecer o apoio mais adequado, bem como fazer os encaminhamentos necessários para o diagnóstico assertivo. Na dúvida procure um profissional para realizar uma avaliação Até o próxima semana! Fabiane Klann Baptistoti Sá – Fonoaudióloga Clínica

Frase do dia!

Que a nossa vida seja vivida como na infância: muita leveza na alma, doçura no coração e pequenos motivos para sorrir.